Fortalecendo a autoestima das crianças

Por Alline Nogueira Melo

A criança se desenvolve sob a influência de diferentes ambientes e o primeiro deles é a família. A partir das relações com os pais, irmãos e familiares a criança constrói sua personalidade. Aquelas que escutam o quanto são importantes e que recebem regras e limites, internalizam em seu mundo emocional que são valorizadas e alguém se importa com elas (Kail, 2004).

As crianças com autoestima elevada tendem a se sentirem bem consigo mesmas, se enxergam e se apresentam aos outros de forma positiva.

O contrário acontece com as crianças que possuem baixa autoestima, elas se julgam negativamente quando se comparam aos outros, se sentem infelizes consigo mesmas e tendem a preferir ser outra pessoa.

A baixa autoestima

Durante os anos pré-escolares a maioria das crianças possui autoestima elevada, são cheias de autoconfiança e buscam novos desafios. Conforme seguem seu desenvolvimento, iniciam a comparação com os demais colegas e precisam buscar em si mesmas recursos para lidar com os aspectos de sua personalidade que não são como esperavam (Kail, 2004).

Quando encontram esses recursos que foram construídos em seus primeiros anos de vida, conseguem manter a autoestima elevada, quando o contrário, tendem a desenvolver a baixa autoestima.

A criança com baixa autoestima possui dificuldades para falar dela mesma, e quando consegue falar tende a ser superficial e negativa. Na maioria das situações ela não enxerga aspectos positivos em si mesma.

Viver com baixa autoestima é triste

A baixa autoestima pode contribuir para situações sociais que afetam a vida da criança. Prejudica a relação dela com os colegas, diminui seu rendimento escolar, possibilita que ela se envolva em comportamentos antissociais e de delinquência, e ainda influencia no desenvolvimento de transtornos psicológicos como a depressão. Ao mesmo tempo em que contribui para essas situações, a baixa autoestima é um resultado dessas situações, tornando-se um ciclo.

Por exemplo, a criança que se enxerga negativamente, não se sente confortável para fazer novos amigos, tende a se isolar, esse isolamento reafirma que ela não é interessante para os colegas, eles não se aproximam dela por já estar isolada e isso reforça seu desejo em se isolar.

Estudos mostram que crianças com baixa autoestima possuem maior tendência a serem vítimas de bullying quando comparadas à outras crianças. Em situações de bullying elas são incapazes de se defender ou reagir às agressões, sejam verbais ou físicas (Brito e Oliveira, 2013).

Fortalecer a autoestima da criança é mais simples do que parece:

Cuidar das expectativas: O nascimento de uma criança traz aos pais inúmeras expectativas. Muitas vezes a criança realmente não corresponde ao que os pais esperavam que ela se tornasse. Isso é um momento de conflito para eles e é necessário que aceitem sua criança como ela realmente é, mesmo que ela seja diferente de suas expectativas.

Estar presente e participar: Os pais atuam de forma positiva na vida da criança quando buscam estar presentes e participar do que acontece na escola, demonstrando interesse pela vida dela. Assim, conseguem observar quais os estímulos e situações que causam insegurança e medo a ela, seja em casa ou na escola.

Relacionar-se bem com a escola: Quando os pais e a escola mantêm uma boa relação, estão oferecendo à criança um ambiente seguro, ela sabe que poderá confiar tanto na família, quanto na escola. A escola deixa de ser um ambiente ameaçador.

Propor novas atividades: É importante incentivar que as crianças a participem de atividades extracurriculares que elas gostem, isso contribui para o desenvolvimento positivo da autoestima, pois permite à criança descobrir e utilizar novas habilidades. Ela se descobre capaz de fazer coisas que antes nem poderia imaginar (Kail, 2004).

Compartilhar inseguranças: Os pais também ajudam quando compartilham seus próprios sentimentos, apresentando para a criança situações em que já se sentiram inseguros e com medo, e como positivamente conseguiram lidar com essa situação.

Equilibrar a proteção: Evitar o exagero na proteção auxilia na construção positiva da autoestima. Pela própria história de vida e experiências negativas, muitos pais se mostram inseguros para incentivar seus filhos a se desenvolverem. Eles passam a proteger a criança de forma desproporcional. Esse excesso de proteção impede a criança de enxergar suas próprias habilidades e pode contribuir para o desenvolvimento da baixa autoestima.

Aceitar os erros e lidar com eles: Estimular que a criança enfrente suas falhas e fracassos é um caminho para que ela enxergue suas habilidades. É importante para todo ser humano aprender a lidar com os fracassos. Ao contrário de evitar as falhas, a criança pode ser estimulada a enxergar onde cometeu um erro e ser incentivada a usar sua criatividade para encontrar uma solução para a próxima tentativa. Isso mostra que errar é natural e o perfeccionismo não existe e não é saudável.

O que a família pensa sobre a criança é fundamental e influencia sua autoestima.

Quando os pais demonstram que acreditam nas capacidades da criança para experimentar coisas novas e ser aventureira, ela mesma começa a acreditar nisso e se arriscar de forma positiva. Incentivar e encorajar a criança é fundamental para que ela mesma acredite em si, isso é promover sua autoestima.

Fontes de pesquisa e imagens
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  • Photo 3 by Ann H from Pexels
  • Berger, K. S. (2003). O desenvolvimento da pessoa: do nascimento a terceira idade. LTC.
  • Brito, C. C., & Oliveira, M. T. (2013). Bullying and self-esteem in adolescents from public schools. Jornal de Pediatria, 89(6), 601-607.
  • Kail, R. V. (2004). A criança. São Paulo: Prentice Hall.
Alline é graduada em Psicologia, especialista em Psicologia Clínica Hospitalar e há quase dez anos pratica a psicologia com crianças, adolescentes e adultos através da abordagem psicodinâmica.