Pais e filhos na adolescência

Por Alline Nogueira Melo

A adolescência é uma palavra que nos assusta, por toda as implicações que essa fase traz, mas no mundo real a maioria dos adolescentes, a maioria das famílias e a maioria das culturas sobrevive a essa transição muito bem. A adolescência vivida de forma saudável não é sinônimo de perfeição.

Esse parece ser um momento tão delicado para os adultos quanto é para os adolescentes, talvez pelos efeitos que traz aos que convivem com o adolescente.

Por exemplo, a música alta que pode ser fonte de prazer para um jovem, também pode acabar com a tranquilidade de um adulto; o jovem que passa horas em redes sociais irrita e preocupa intensamente os pais, enquanto que para ele isso é somente uma forma de vínculo com os outros jovens. Os efeitos que a adolescência traz para os adultos, faz com que a enxerguemos de forma negativa.

Na adolescência os relacionamentos entre pais e filhos são de apoio

O papel do ambiente social que está ao redor do adolescente será fundamental como quem oferecerá as oportunidades de conhecer algo novo. Os pais podem ajudar possibilitando que o adolescente tenha acesso as mais diversas opções de conhecimento possíveis. Podemos falar de cursos, viagens, amigos, filmes, livros, jogos e lazer. Quanto mais variadas forem as opções de escolha do adolescente, mais rica e saudável será sua construção de identidade.

Os adolescentes matam aula; comem o que não devem; bebem demais; experimentam drogas; se afastam dos pais; desobedecem as leis; têm a necessidade de conversar com os pais, mas nunca irão confessar isso; têm um rendimento escolar excelente em assuntos que lhe agradam; sentem-se deprimidos; descobrem a atividade sexual; encontram formas para lidar com à pressão dos colegas; ignoram os desejos dos pais; e vivem tantas outras intensas experiências que podemos entender a complexidade desse momento deles.

Equilíbrio: A adolescência vista como saudável incluiria as mais diversas experiências, porém sem colocar a vida do adolescente e daqueles ao seu redor em risco.

Geralmente é esperado que tudo isso aconteça dentro de certos limites considerados saudáveis, ou seja, essas experiências não acontecem em excesso e nem duram muito tempo. Dessa forma, não levam a danos irreparáveis e nem colocam em risco a vida do adolescente.

Para a maioria dos jovens os anos da adolescência de modo geral são felizes, por ser a época em que eles conseguem lidar com problemas potencialmente sérios e descobrem as recompensas da maturidade (Berger, 2003).

Pais e filhos discutem e se desentendem, e também se respeitam e se amam

Os pais e os adolescentes vivem um certo nível de conflito, isso é esperado para esse momento da vida, ocorre na maioria das famílias. Poucos pais conseguem resistir a fazer uma crítica em relação às meias sujas largadas no chão, ao quarto bagunçado e à roupa que estão vestindo, ao mesmo tempo, poucos adolescentes conseguem ouvir calmamente as recomendações e preocupações dos pais sem se sentirem injustamente criticados.

O impulso por independência dos jovens esbarra diretamente na necessidade de controle dos pais para se sentirem seguros.

A família e os amigos são essenciais para amortecer os sérios problemas emocionais que o jovem vive na adolescência. Assim como, as famílias com muitos conflitos ou os relacionamentos entre pais e filhos com pouca base de apoio são, quase sempre, difíceis para o adolescente, independente de qual seja a estrutura social ou a cultura familiar.

Quando pensamos em apoio familiar para o adolescente, podemos entender como uma ideia de liberdade relativa baseada na confiança.

Os adolescentes parecem necessitar de certa liberdade para se sentirem confortáveis consigo mesmos, mas ainda não são adultos e maduros o suficiente para serem responsáveis por si, então, necessitam de certo nível de controle. Os pais podem encontrar o equilíbrio entre o controle e a liberdade, demonstrando interesse pelas atividades dos filhos sem interferir em suas preferências, demonstrando a preocupação e atenção sem restringir, a orientação sem limitar (Berger, 2003).

Adolescentes com adolescentes

A busca dos adolescentes pela interação social com outros colegas da mesma idade é um fator positivo e saudável, também pode ser utilizada para facilitar seu rendimento escolar. Quando tarefas escolares e de lazer são oferecidas aos jovens em forma de atividades em grupo, estimulando que os adolescentes se ajudem uns aos outros, eles começam a tomar a postura de colaboração e evitam a competição, que não é saudável e afeta diretamente sua autoestima.

O adolescente como fonte de sabedoria

Na adolescência diante do desejo de descoberta, os jovens adquirem novos conhecimentos com facilidade e os pais podem utilizar esse conhecimento do adolescente para aprenderem também. Quando se propõem a ensinar o que aprenderam, o adolescente tem a oportunidade de se sentir ouvido e respeitado como tanto deseja, percebe que seu conhecimento é útil e que ele tem um papel importante na família. E como ganho secundário esse momento permite que os adolescentes reforcem seu aprendizado, assim podem entender e lembrar melhor de suas experiências. Vale a pena consultar o adolescente mais próximo para aprender como usar o novo aplicativo disponível para seu celular, será importante para ele e enriquecerá esse relacionamento.

Fontes de pesquisa e imagens
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  • Photo 3 by mododeolhar from Pexels
  • Berger, K. S. (2003). O desenvolvimento da pessoa: do nascimento a terceira idade. LTC.
  • Kail, R. V. (2004). A criança. São Paulo: Prentice Hall.
Alline é graduada em Psicologia, especialista em Psicologia Clínica Hospitalar e há quase dez anos pratica a psicologia com crianças, adolescentes e adultos através da abordagem psicodinâmica.